Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, a taxa de desocupação média brasileira foi de 13,9% no trimestre de outubro a dezembro de 2020, ficando abaixo do registrado no trimestre de julho a setembro (14,6%) e acima do apurado no mesmo período de 2020, quando a taxa registrou 11,0%. Com isso, a desocupação média do ano atingiu 13,5%, em 2019 a média foi de (11,9%). A alta significativa comparação com o mesmo período do ano passado reflete os efeitos da crise provocada pela pandemia de covid-19 sobre a atividade econômica.
No que se refere aos componentes da taxa de desocupação, comparativamente ao mesmo período de 2019, o contingente de ocupados variou -8,9%, enquanto a força de trabalho disponível diminuiu em 5,7%. Desse modo, o aumento da taxa de desocupação ocorreu com uma queda mais intensa da população ocupada do que na força de trabalho, evidenciando que a taxa de desocupação é subestimada. Outro ponto importante é que o número de pessoas fora da força de trabalho também cresceu muito nesse interim (+ 10,8 milhões de pessoas), demonstrando que no período não houve apenas a saída de pessoas da força de trabalho como também não houve a entrada esperada de indivíduos. Atualmente, a taxa de participação na força de trabalho é de 56,8%. No mesmo período de 2019 era de 61,9%.
O rendimento médio das pessoas ocupadas foi de R$ 2.507,00 no período de outubro a dezembro de 2020, com variação real de 2,7% em relação à remuneração do mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.440,00, em valores atualizados). A massa de rendimento real variou -6,5% na mesma base de comparação, refletindo sobretudo a queda no número de ocupados. O aumento no rendimento médio explicita que a redução do mercado de trabalho brasileiro atingiu mais fortemente o contingente de trabalhadores com remunerações mais baixas.
O resultado da PNAc revela um dos lados mais críticos da pandemia. Ainda que tenha ocorrido uma melhora no fim do ano no mercado de trabalho, o resultado da taxa de desocupação é o mais alto da série histórica. Em termos de perspectivas, a piora da pandemia no primeiro trimestre de 2021 associada à implementação de medidas de maior restrição à atividade econômica formal, junto com a ausência de medidas de amparo à renda, podem estimular ainda mais a informalidade.