Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, a taxa de desocupação média brasileira foi de 14,3% no trimestre encerrado em outubro de 2020, sendo este o primeiro mês em que houve recuo na taxa em 2020 (a queda já era sazonalmente esperada). Dessa forma, a taxa recuou ante o trimestre móvel anterior (14,6%) mas quando a comparação é feita frente ao mesmo trimestre de 2019 (11,6%) verifica-se o aumento.
Relativamente ao mesmo período do ano anterior, a população ocupada encolheu 10,4% (-9,8 milhões), e a população da força de trabalho disponível se retraiu em 7,6% (-8,1 milhões). Dessa forma, com uma queda maior na população ocupada do que na força de trabalho, a desocupação avançou de 11,8% para 14,6% em um ano. Na comparação com o mês imediatamente anterior observou-se aumento de 2,8% na população ocupada, com 2,3 milhões de pessoas a mais ocupadas do que no trimestre finalizado em setembro.
O rendimento médio das pessoas ocupadas foi de R$ 2.529,00 no período de agosto a outubro de 2020, um aumento de 5,8% em relação à remuneração do mesmo trimestre do ano anterior. Na mesma base de comparação, a massa real de salários teve contração de 5,3%. Dessa forma, o aumento do rendimento médio reflete a diminuição da população ocupada em maior intensidade do que o encolhimento da massa de salários real, indicando que a perda de ocupações foi mais concentrada em trabalhadores com rendimentos médios mais baixos (algo que se verificou desde o início da pandemia).
O que se pode esperar para 2021, especialmente no primeiro semestre, é um aumento da taxa de desocupação no país. Com o fim do auxílio emergencial, pessoas voltarão à força de trabalho na condição de desocupados, e não renovação de medidas como o BEM, que proporcionou a redução de jornadas e salários, assim como a suspensão de contratos, numa conjuntura de incerteza e de restrição a várias atividades, deve promover um aumento das demissões.