O Comitê de Política Monetária (Copom), em reunião realizada na última quarta-feira (03/08/2022), decidiu, por unanimidade, subir em 0,5 p.p. a taxa básica de juros da economia brasileira (taxa Selic). Com isso, a Selic subiu para 13,75% a.a. – atingindo seu maior patamar em cinco anos.
No cenário avaliado para tomar a decisão, além da continuidade da deterioração do ambiente externo com revisões negativas para o crescimento global, persiste o quadro de pressão inflacionária e de normalização mais acelerada das condições monetárias. Além disso, as expectativas de inflação sofreram ajuste em virtude das recentes medidas de desoneração fiscal, mas seguem acima da meta, apontando 7,2% para 2022, 5,3% para 2023 e 3,3% para 2024.
Nos cenários de riscos para inflação, a maior persistência das pressões inflacionárias globais e também a incerteza quanto ao arcabouço fiscal do país, bem como os reflexos dos estímulos fiscais recentes, são riscos para uma inflação mais alta, enquanto uma possível reversão (mesmo que parcial) do aumento do preço em real das commodities e uma desaceleração da economia brasileira maior que a projetada figuram como aspectos que podem puxar a inflação para baixo.
O comitê afirmou, mais uma vez, no comunicado que a decisão reflete uma incerteza maior com relação aos seus cenários e um balanço de risco com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva. O Comitê também avaliou que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário. E por outro lado, reforça que o aumento do risco de desaceleração da economia global também acentua os riscos de baixa.
O Copom ressaltou que as projeções de inflação para os anos de 2022 e 2023 estavam sujeitas a impactos elevados associados às alterações tributárias entre anos-calendário, optando por dar ênfase à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024. Segundo o comitê, isso refletiria o horizonte relevante, suavizando os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, porém incorporando seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária.
Por fim, o comitê indicou que o aumento recente não significa, necessariamente, o fim do aperto monetário como parte relevante do mercado esperava. Diante do risco de desancoragem das expectativas por prazos mais longos, o comitê considerou que avaliará se será apropriado aprofundar ainda mais o aperto monetário com uma alta de menor magnitude na próxima reunião.