O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de 0,67% em jun/22, acelerando em relação ao mês anterior (0,47%). Em jun/21, a inflação mensal havia sido de 0,53%. Essa foi a maior variação para um mês de junho desde jun/18 (1,26%). Com isso, o IPCA registrou 11,89% no acumulado de 12 meses, mais do que o dobro do limite superior da meta de inflação de 4,75%.
Todos os nove grupos que compõem o índice tiveram aumento. A maior contribuição em jun/22 veio de Alimentação e Bebidas, que registrou alta de 0,80% (impacto de 0,17 p.p. sobre o índice geral), superior ao acréscimo de 0,48% registrado em mai/22. Os destaques desse grupo ocorreram nos subgrupos Alimentação no domicílio, cujo subitem Leite Longa Vida (10,72%; 0,09 p.p.) teve a principal influência para o aumento, e também no subgrupo Alimentação fora do domicílio, cujos subitens Lanche (2,21%; 0,04 p.p.) e Refeição (0,95%; 0,03 p.p.) tiveram as principais contribuições. O Grupo Saúde e cuidados pessoais também acelerou em relação a mai/22, quando naquele mês variou (1,01%). Em jun/22 o grupo aumentou 1,24% com impacto de 0,15 p.p. sobre o índice geral. O subitem Plano de Saúde teve a principal influência positiva ao variar (2,99%; 0,10%). O grupamento Transportes (0,57%; 0,13 p.p.) teve o terceiro maior impacto sobre o IPCA de jun/22. Apesar do aumento, houve desaceleração em relação ao mês anterior (mai/22 – 1,34%). Nesse grupo os subitens Passagens Áereas (11,32%; 0,06 p.p.) e Automóvel novo (1,30%; 0,04 p.p.) tiveram as principais altas. O grupamento Vestuário teve alta de 1,67% em jun/22. Essa variação foi menor que os 2,11% do mês anterior. O grupo Habitação variou 0,41% em jun/22. No mês anterior esse grupo havia registrado deflação de 1,70%.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o IPCA teve variação de 0,70% em jun/22 e acelerou ante mai/22 (0,47%). Na RMPA, todos os nove grupos avaliados registraram aumento. A principal alta ocorreu em Alimentação e bebidas (1,28%; 0,28 p.p.), que em mai/22 havia registrado alta de 1,29%. Saúde e cuidados pessoais teve aumento de 1,04% (0,13 p.p.) tendo registrado a mesma variação do mês de mai/22. O grupo Vestuário teve o terceiro principal impacto sobre o índice geral do IPCA. O grupo variou 1,86% (0,09 p.p.) e desacelerou e relação ao mês anterior (2,15%). Assim, na RMPA, o acumulado em 12 meses foi de 10,68%.
No que diz respeito ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em junho, sua variação no país foi de 0,62%, acumulando alta de 11,92% em 12 meses. Na RMPA, o INPC teve variação de 0,56%, ficando com 10,45% no acumulado em 12 meses.
Os dados de junho mostram a continuidade do quadro de inflação alta e disseminada. Apesar de um índice de difusão menor que nos meses anteriores (66,6% em junho frente a índices que ficaram acima de 70% desde dezembro de 2021), o índice continua elevado, e os núcleos de inflação seguem pressionados – como esperado. A inflação específica de Serviços acelerou, e marcou 0,90% em junho deste ano, impulsionando a inflação do grupo em 12 meses de 8,0 para 8,7%, ao substituir os 0,23% registrados em junho de 2021. Para o próximo mês, diante dos efeitos das medidas recentemente adotadas – com destaque à redução do ICMS sobre combustíveis, telecomunicações e energia elétrica, e alíquotas zeradas da PIS/Confis e Cide para combustíveis – devemos ver recuo do índice. Porém, se no imediato há alívio, as discussões em pauta no congresso elevam o risco fiscal e trazem mais incerteza no quadro inflacionário prospectivo.