O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de 1,06% em abr/22, desacelerando em relação ao mês anterior (1,62%). Essa foi a maior variação para um mês de abril desde 1996 (1,26%). Com isso, o IPCA registra 12,13% no acumulado de 12 meses, mais do que o dobro do limite superior da meta de inflação de 5,00%.
Entre os 9 grupos que compõe o índice, 8 tiveram alta. A maior contribuição em abr/22 veio de Alimentação e bebidas, que registrou alta de 2,06% (impacto de 0,43 p.p. sobre o índice geral), levemente inferior ao acréscimo de 2,42% registrado em mar/22. Os destaques desse grupo ocorreram nos itens Leite Longa Vida (10,31%; 0,07 p.p.), Batata-Inglesa (18,28%; 0,04p.p.), Tomate (10,18%; 0,04p.p.) e Pão Francês (4,52%; 0,04 p.p.). O grupamento Transportes registrou aumento de 1,91% (0,42 p.p.) e também desacelerou em relação ao mês anterior, quando variou 3,02%. O principal impacto veio do item Gasolina (2,48%) que representou 0,17 p.p. no índice geral. O Etanol também teve destaque com alta de 8,44% e impacto de 0,07 p.p. na inflação de abr/22. O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais avançou 1,77% e teve a terceira principal influência da alta do IPCA (0,22 p.p. no índice). Houve aceleração frente a mar/22 (0,88%), com destaque para a elevação no preço de produtos farmacêuticos (6,13%; 0,19 p.p.), em função do reajuste autorizado no preço dos medicamentos.
O único grupo do IPCA a registrar variação negativa foi Habitação (-1,14%; -0,18p.p.), diante da redução de 6,27% (-0,31p.p.) na energia elétrica em função da mudança na bandeira tarifária de escassez hídrica para a verde em 16/04/2022.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o IPCA teve variação de 1,13% em abr/22 e desacelerou ante mar/22 (1,61%). Na RMPA, dos 9 grupos avaliados foram 7 altas e 2 contrações. As principais altas ocorreram em Alimentação e bebidas (2,36%; 0,50 p.p.), que foi um dos grupos a desacelerar, assim como Transportes, que teve alta de 1,95% e impacto de 0,43 p.p. sobre o índice geral. Saúde e Cuidados Pessoais teve aumento de 2,32% (0,28 p.p.). Os grupos Habitação (-1,87%; -0,29 p.p.) e Educação (-0,05%; 0,00 p.p.) foram os únicos a apresentar recuos em abr/22. Assim, na RMPA, o acumulado em 12 meses foi de 11,41%.
No que diz respeito ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em abril, sua variação no país foi de 1,04%, acumulando alta de 12,47% em 12 meses. Na RMPA, o INPC teve variação de 1,08%, ficando com 11,66% no acumulado em 12 meses.
O dado de abril não apenas mostra mais um mês com inflação alta, mas também com um índice de difusão que continua muito elevado, em que 78,2% dos itens avaliados registraram alta (76,1% em março), deixando claro que o problema inflacionário não é pontual, mas espalhado na economia, tornando ainda mais difícil o trabalho do Banco Central – de levar a inflação para a meta, controlando as expectativas para os próximos anos. Esse cenário inflacionário, que não é exclusividade do Brasil, mas pano de fundo de todos países, pode ficar ainda mais desafiador diante das incertezas trazidas pela guerra da ucrânia, assim como pelos desdobramentos da rígida política anti-covid da China sobre as cadeias globais, de forma que, o aperto monetário em curso (alta da Selic), que antes era previsto para estacionar nos atuais 12,75%, terá novos ajustes e pode ficar em patamar mais elevado por mais tempo.