O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de -0,29% em set/22, terceiro mês consecutivo com variação negativa (-0,36% em ago/22, -0,68% em jul/22). Em set/21, a inflação mensal havia sido de 1,16%. Com isso, o IPCA registrou 7,17% no acumulado de 12 meses. Em ago/22, o acumulado em 12 meses apresentava alta de 8,73%. Apesar da redução significativa da inflação desde julho, é importante ressaltar que se não houvesse a queda do preço da Gasolina nos últimos três meses, provocada pelo corte das alíquotas de ICMS e das reduções de preço pela Petrobras nas refinarias, o IPCA não registraria uma variação negativa, e com isso, a desaceleração da inflação seria significativamente menor.
Dos nove grupos que compõem o índice, quatro apresentaram queda no mês de set/22. A principal redução ocorreu novamente em Transportes. Com variação de -1,98% (ante -3,37% em ago/22 e -4,51% em jul/22), o impacto sobre o índice geral foi de -0,41 p.p. O principal subitem a registrar queda foi novamente Gasolina (-8,33%; -0,42 p.p.); o Etanol também contribuiu para a queda (-12,43%; -0,09 p.p.). Outros dois grupos tiveram impacto de -0,11 p.p cada: Alimentação e Bebidas (-0,51%) – primeira queda depois de 9 altas seguidas – e Comunicações (-2,08% ante -1,10% em agosto). No primeiro grupo, a maior contribuição veio da queda do Leite (-13,71%) com impacto de -0,15 p.p. no IPCA (segundo maior impacto no índice), com destaque também à queda no Óleo de soja (-6,27%; -0,0 p.p.). Na Comunicação, a queda veio de Acesso à internet (-10,55%; -0,05 p.p.) e Combo de Telefonia (-2,7%; -0,04 p.p.). O outro grupo a registrar queda foi Artigos de Residência (-0,13%; 0,01 p.p.).
Pelo lado das altas, as maiores contribuições vieram de Despesas Pessoais (0,95%; 0,09 p.p.) e Habitação (0,60%; 0,09 p.p.), seguido por Vestuário (1,77%; 0,08 p.p.) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,57%; 0,07 p.p.). Educação teve a menor contribuição (0,12%; 0,01 p.p.).
Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o IPCA teve variação de -0,46% em set/22, terceira queda consecutiva (-0,90% em ago/22, -0,59% em jul/22). Dos nove grupos que são pesquisados, Transportes (-2,11%; -0,44 p.p.), Alimentação e Bebidas (-0,61%; -0,14 p.p.), Comunicação (-1,96%; -0,11 p.p.) e Artigos de Residência (-0,30%; -0,01 p.p.) apresentaram queda. O grupo Saúde e Cuidados pessoais registrou o principal impacto positivo no índice geral (0,72%; 0,09 p.p.), seguido por Despesas Pessoais (0,68%; 0,07 p.p.) e Vestuário (1,34%; 0,07 p.p.). Assim, na RMPA, o acumulado em 12 meses foi de 4,86%.
No que diz respeito ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em setembro, sua variação no país foi de -0,32%, acumulando alta de 7,19% em 12 meses. Na RMPA, o INPC teve variação de -0,66%, ficando com 4,26% no acumulado em 12 meses, a menor inflação acumulada no país, entre as regiões pesquisadas pelo IBGE.
Os números de setembro mostram que, além da queda de preço na Gasolina e Comunicações, também houve redução nos preços de Alimentos, que apresentaram redução depois de 9 altas consecutivas. Apesar de um alívio no índice de difusão, ainda assim, 61,5% dos subitens do índice apresentaram alta. Com o resultado, houve uma descompressão clara nas medidas dos núcleos de inflação (que desconsideram itens mais voláteis), mas com os acumulados em 12 meses ainda em patamares elevados. A inflação e expectativas seguem distantes da meta, contribuindo para um cenário de manutenção de juros em patamares elevados por um longo período. Causam ainda preocupação a evolução dos preços dos Serviços, que tiveram nova alta em setembro, ainda que a variação em 12 meses tenha desacelerado de 8,75% para 8,50%.