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PIB cresce 1,0% no primeiro trimestre de 2022

2 de junho de 2022

No primeiro trimestre de 2022, conforme o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou variação de 1,0% em relação ao trimestre anterior, na série sazonalmente ajustada. Esse crescimento foi o terceiro consecutivo nesta comparação. O aumento foi resultado basicamente do aumento dos Serviços, que aumentaram 1,0%. A Indústria ficou estagnada, registrando variação de 0,1%, e a Agropecuária apresentou queda de 0,9%. Da mesma forma que no início de 2021, o crescimento surpreendeu e veio carregado pelo desempenho de um setor (no ano passado foi a Agropecuária).   Comparativamente ao primeiro trimestre de 2021, o PIB registrou aumento de 1,7%. No acumulado em quatro trimestres ante os quatro trimestres imediatamente anteriores, o PIB brasileiro apresentou aumento de 4,7%.

Sob a ótica da produção, a alta de 1,7% frente ao primeiro trimestre de 2021, refletindo o avanço dos Serviços (3,7%). Basicamente, o aumento da atividade está profundamente ligado à retomada da mobilidade das pessoas, com forte aumento das atividades presenciais. Outras Atividades de Serviços, que inclui serviços prestados às famílias, avançaram 12,6% e transporte, armazenagem e correio cresceram 9,4%. Os serviços tiveram queda de 0,8%. No entanto, não foram todos os serviços que apresentaram alta: Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados tiveram queda de 1,6%, e o Comércio caiu 1,5% nessa base de comparação. Na Indústria, houve queda de 1,5%, reflexo de tombo de 4,7% da Indústria de Transformação. A dificuldade da aquisição de matérias-primas e os preços elevados prejudicaram o resultado da Indústria de Transformação. A Indústria Extrativa também registrou queda. (-2,4%). Por outro lado, Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 7,6%, estimulada pela menor geração de energia pelas termoelétricas no período. A Construção Civil seguiu crescendo forte (9,0%), numa quinta alta consecutiva. Por fim, a Agropecuária teve retração de 8,0% em relação a igual período do ano anterior. Problemas climáticos em regiões altamente relevantes afetaram a produção de produtos cujas safras são significativas no período. Soja (-12,2%), arroz (-8,5%) e fumo (-7,3%) apresentaram queda na estimativa de produção anual e perda de produtividade:

Pela ótica da demanda, comparativamente ao mesmo trimestre de 2021, o consumo das famílias teve alta de 2,2%, enquanto o consumo do Governo variou 3,3%. A volta da presencialidade explica em grande parte esse avanço do consumo (da família e do governo). A formação bruta de capital fixo (que mede a parcela de produto utilizada para realizar investimentos) recuou 7,2% depois de 5 trimestres consecutivos de alta. Além do Repetro de inflou a base de comparação, houve também queda na produção interna e na importação de bens de capital. Esse desempenho se explica pela redução de produção e importações de bens de capital. No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 8,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços recuaram 11,0% no primeiro trimestre de 2022.

A alta registrada no primeiro trimestre obviamente é uma ótima notícia. O fim das restrições impostas pela pandemia é o fator de maior impulso para os dois componentes com mais contribuição para o bom desempenho da economia: os serviços, pelo lado da produção, e o Consumo das Famílias, pelo lado da demanda. Obviamente esse não foi o único fator, ainda que tenha sido o mais relevante. O impulso fiscal derivado do reajuste do salário mínimo e a instituição do Auxílio Brasil em valor superior ao extinto Bolsa Família também tiveram sua contribuição. Para o restante do ano, esses elementos, porém, perdem força, especialmente num cenário de forte inflação. A contribuição positiva à atividade virá do saque extraordinário do FGTS, mas a contração econômica provocada pela política monetária aplicada nos últimos meses certamente terá efeitos. O cenário ainda é turvo derivado do clima internacional que conta com uma guerra de futuro incerto, taxas de juros internacionais em alta e uma China que luta contra o coronavírus com medidas de forte impacto na economia.