O Comitê de Política Monetária (Copom), em reunião realizada na última quarta-feira (03/17/2022), decidiu, por unanimidade, subir em 1,0 p.p. a taxa básica de juros da economia brasileira (taxa Selic), reduzindo o ritmo do aumento adotado na última reunião. Com isso, a Selic subiu para 11,75% a.a..
Segundo a autoridade monetária, na conjuntura internacional, os desdobramentos da guerra Rússia e Ucrânia seguem dissipando incertezas sob o campo econômico. Além dos choques de oferta oriundos do conflito, o recente aperto das condições financeiras também eleva a pressão inflacionária sob as economias tanto emergentes quanto avançadas. O Comitê ainda avaliou que, no cenário interno, se por um lado o resultado do PIB referente ao quarto trimestre de 2021 surpreendeu de forma positiva (crescimento marginal de 0,5%, frente a uma expectativa de 0,1%), o resultado da inflação ao consumidor segue surpreendendo negativamente. No campo das expectativas, o Boletim Focus que parametrizou a decisão do comitê apontou para uma inflação de 6,4% a.a. para 2022 e de 3,7% a.a. para 2023, ambas as expectativas em trajetória de alta e acima da meta para o respectivo ano. Considerando o cenário básico, os modelos do Banco Central apontam para uma inflação ainda mais alta no ano corrente (7,1%), reduzindo em 2023 para 3,4%.
No balanço de riscos, a avaliação é de que há um desequilíbrio altista. Em que pese, ainda que uma possível reversão da tendência de aumento no preço das commodities em reais possa produzir trajetórias inflacionárias mais suaves, ficou claro no comunicado que, apesar da condição fiscal presente mais confortável, há um componente de incerteza associado à trajetória fiscal que pode levar à desancoragem das expectativas de inflação futura.
Diante desse cenário, o Copom apontou que deve continuar o processo de aperto monetário, sinalizando a manutenção desse ritmo para a próxima reunião. Apesar dessa sinalização, o Comitê deixou claro que vai perseverar no ajuste da política monetária o quanto for necessário para ancorar as expectativas em torno da meta. Atualmente, o mercado projeta uma Selic de 12,75% a.a. para o fim do ano.