O Comitê de Política Monetária (Copom), em reunião realizada na última quarta-feira (02/12/2021), decidiu, por unanimidade, subir em 1,5 p.p. a taxa básica de juros da economia brasileira (taxa Selic), mantendo o ritmo do aumento adotado na última reunião. Com isso, a Selic subiu para 10,75% a.a..
Segundo a autoridade monetária, na conjuntura internacional, a resistência da inflação aumenta os riscos de um aperto monetário mais severo por parte dos EUA, o que tendencialmente impacta de forma negativa as economias emergentes. Outra preocupação oriunda do cenário externo está relacionada a nova onda de COVID-19, que adiciona incerteza a retomada da atividade. Na avaliação da economia brasileira, o comitê destaca que a melhora dos indicadores de mercado de trabalho referentes ao 4ºT de 2021 surpreendeu positivamente, mas que por outro lado a inflação seguiu surpreendendo negativamente.
Ainda que o Comitê considere o risco de um efeito baixista na trajetória da inflação diante de uma possível redução dos preços das commodities internacionais em reais, ficou claro no comunicado que o balanço de riscos pende para cima diante de aspectos fiscais. Entre os principais pontos que fundamentam essa assimetria altista, se identifica o forte componente de incerteza associado ao arcabouço fiscal, que segue como principal risco para desancoragem das expectativas de inflação futura.
Diante desse cenário, o Copom apontou que deve continuar o processo de aperto monetário, mas que o ritmo adotado na próxima reunião deve ser menor; apesar dessa sinalização, o Comitê deixou claro que vai perseverar no ajuste da política monetária o quanto for necessário para ancorar as expectativas em torno da meta. Em 28 de janeiro (data do último Boletim Focus), as expectativas do mercado para o IPCA em 2022 haviam subido de 5,15% na semana anterior para 5,38%, enquanto a previsão para Selic registrou os mesmos 11,75% a.a. para o fim do ano.